Subscribe:

Olimpíadas: Uma crítica


Esse texto será triste e alegre. Alegre porque Olimpíadas é só alegria. Eu acordava 4h30 com muita disposição. Até que as Olimpíadas acabaram (essa é a parte triste). Foram 16 dias de várias modalidades muito maneiras, outras nem tanto (Remo). Remo era chato. Foram 16 dias em que não importava a etnia, cor, política, crise econômica, NADA, só esportes e atletas dando o seu melhor (nem todos né Fabiana Murrer). Pra exemplificar, em 2000, na Olimpíada de Sydney registrou um ato histórico. Sob uma única bandeira, as delegações das Coreias do Norte e do Sul desfilaram juntas no estádio Olímpico. O espírito olímpico pareceu apaziguar a pseudo-rivalidade construída pelos regimes políticos rivais. Que lindo, não?

E o Brasil. Eita país maravilhoso. Olimpíadas é uma coisa tão bonita e emocionante que falar de política, Ministério dos Esportes, Ministério da Educação, COB, etc, seria sujar meu querido texto, então vou me prender somente a performance dos atletas sem me aprofundar em questões externas...tipo a falta de planejamento, organização, educação, escolas, pequenas coisas né minha gente. Coisas que se existissem, com certeza, nosso desempenho olímpico seria melhor.

Antes de falar dos brasileiros, alguns atletas/países merecem ser mencionados. Começando por ninguém mais ninguém menos que Michael Phelps. Com seus resultados em Londres, se tornou o atleta mais medalhado da história com 20 pódios olímpicos. Sendo 16 de ouro. Simplesmente um gênio. Próximo: Corredores jamaicanos. Eu não sei o que eles comem lá, mas eles dominam as raias de velocidade brincando. Começando pelo maior corredor da história: Usain Bolt. É irritante e incrível a facilidade com que ele ganhou suas corridas em Londres. E pra completar foram apresentados ao mundo 2 corredores da Jamaica que têm tudo pra dominar as Olimpíadas nas próximas duas edições. E a Grã Bretanha. Se há uma obrigação do país anfitrião de fazer uma grande Olimpíada, nessa edição, não houve vergonha. A Grã Bretanha fez um papel incrível, só ficando atrás dos EUA e da China.  Uma das cenas mais emocionantes dessa edição aconteceu na esgrima. A sul-coreana Shin Lam  ficou sentada na pista quase uma hora após sua derrota. A atleta e seu treinador alegavam que o cronômetro havia zerado quando sua oponente, Heidemann, marcou o ponto da vitória na prorrogação – o duelo estava empatado em 5 a 5, resultado que classificaria Shim. Após muita reclamação e um protesto formal, os árbitros confirmaram a vitória da alemã. O pior veio depois, a Federação Internacional de Esgrima admitiu o erro. Shin Lin recebeu uma menção honrosa e pedidos de desculpas.

Vamos aos brazucas. Os dividirei em 3 categorias: "Participou bem", "Ridículo" e "NOOOOOOOOSSA"

Participou bem


Murilo, da Seleção Brasileira
de Vôlei Masculino.
O Volêi Masculino sofreu na final uma virada inacreditável, ficando "só" com a prata, mas nada a se reclamar. Esse time tá em processo de reformulação e o que o Bernardinho e sua geração fizeram pelo vôlei deve e será lembrado pra sempre. O Vôlei de Praia podia ir mais além das medalhas de prata (Alison e Emanuel) e bronze (Juliana e Larissa), mas infelizmente seus oponentes estavam em dias melhores. Mas os brasileiros são os melhores, 2016 o ouro não escapa.. A Vela sempre trouxe o ouro, mas dessa vez só veio um bronze (Robert Scheidt e Bruno Prada). Espero que haja herança desses velejadores brasileiros incríveis que dominaram de 2004 até 2012. Natação Masculina: Bruno Fratus nadou muito bem. Cielo. É claro que queríamos (e ele tinha capacidade de sobra pra isso) o ouro, mas valeu muito sua medalha de bronze. Ginástica: o elenco brasileiro deu muito azar. Lesões atrás de lesões minaram as grandes chances de medalhas dos nossos ginastas, em condições boas, tenho certeza que eles(as) brigariam pelos pódios. Os maratonistas correram muito bem, ainda mais o Marilson Gomes, chegou em 5°. Paulo Roberto Paula foi o 8° colocado, e Frank Caldeira chegou em 13º. Com apoio e investimentos necessários esses atletas iriam muito mais longe, simples assim. Atletismo: Geisa Arcanjo participou muito bem, com 20 anos,  7° colocada no arremesso de peso. Rosângela Santos e Evelyn dos Santos foram semifinalistas nos 100m e 200m. Entre os homens, Aldemir Gomes e Bruno Lins também foram às semis dos 200m. Basquete Masculino: perderam nas quartas pra Argentina mas não há motivo pra tristeza. O que se deve comemorar é o novo momento. Depois de 16 anos voltar e jogar de igual pra igual contra grandes seleções. É o recomeço do nosso basquete, essas Olimpíadas foram só o início.

Ridículo


Leandro Guilheiro.
Vou começar pela minha maior decepção nessas Olimpíadas: o judoca Leandro Guilheiro. No ranking de sua categoria é o primeiro e nem chegou perto das finais. Ele até começou bem, passou da primeira fase. Depois fez um papel pífio. Que perca, mas perca lutando, brigando, não como ele, apático, parecendo aceitar a derrota quando seu oponente marca um ponto a 2 minutos do cronômetro zerar. ELE NEM TENTAVA DERRUBAR O OUTRO CARA. Enfim. Próxima. Fabiana Murrer. Como já falei, tudo bem não conseguir, mas que seja tentando, não culpando o vento. Apesar do seu gabarito, nem chegou as finais. Pelo visto o vento só soprava em cima dela, porque suas oponentes pegaram a vara (sem risos) e tentaram fazer o seu melhor. Maurren Maggi. Deixou a pista do Estádio Olímpico de Londres em 15º lugar pelos 6,37m que alcançou na primeira tentativa – queimou a segunda e fez 6,27m na terceira. Muito pouco pra uma campeã olímpica. Futebol Masculino. Pensei em botá-los no "Participou bem", só pensei. Medalha de prata, beleza. Mas acontece é que o plano da CBF e do Mano Menezes era sair de Londres com um time formado e não foi o que aconteceu. Na verdade só mostrou outros problemas. Na final pecou pela soberba e pela falta de conjunto. Perdeu pra seleção olímpica do México...amigos, até uma derrota pra seleção principal do México seria uma vergonha, quanto mais essa. Futebol feminino retornou ao Brasil com a eliminação nas quartas de final diante do Japão. Amargaram a pior campanha da história no torneio olímpico. Natação Feminina. Só foram passear e nadar mal, mais sorte pra elas em 2016.

NOOOOOOOOSSA


Esquiva
Adriana Araújo
Começando pela minha maior alegria: O boxe. Esse esporte está em decadência por causa da febre MMA. Aí, vão pra Londres 2 irmãos, os irmãos Falcão. OS CARAS SAEM BATENDO EM TODO MUNDO. Yamaguchi Falcão levou o bronze e seu irmão, o Esquiva, pegou a prata. Ah, e a Adriana Araujo pegou o bronze. Pra vocês terem uma idéia, o boxe brasileiro fez nessa edição dos Jogos Olímpicos mais do que em toda sua história. É de se emocionar porque imagino a falta de apoio que eles enfrentam, e mesmo assim, lutaram de igual pra igual com todos os grandes pugilistas de outros países. A própria Adriana, após ganhar sua medalha, desabafou e não poupou críticas ao presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Mauro José da Silva e entre outras reclamações disse que já ter sido "muitas vezes humilhada por ele". Daí tiramos o quanto de apoio ela tinha e isso aumenta mais seu feito. Continuemos. Vôlei Feminino. Começaram mal, o time tava mal, tava tudo mal, mas lideradas pelo GÊNIO Zé Roberto, o time deu a volta por cima e venceu de forma brilhante os Estados Unidos na final e encaçapou o ouro. Arthur Zanneti. Só quem acompanha muito a ginástica conhecia esse cara (eu não conhecia), aí o cidadão vai na dele, quietinho, só no sapatinho, se pendura nas argolas e DÁ UMAS PIRUETAS MUITO LOUCAS, de dar inveja a qualquer chinês (E deu mesmo. Depois da derrota, o chinês que pegou a prata ficou chorando pra arbitragem). Palmas pra esse ginasta medalhista de ouro. E palmas pro treinador dele. E o ouro da Sarah Menezes, os bronzes da Mayra,Rafael Silva e Kitadai, hein? hein? INCRÍVEL. Eles mandaram muito bem. O judô brasileiro já era uma potência e eles elevaram ainda mais nosso status, uma salva de palmas pra eles por favor. Yane, medalha de Bronze no pentatlo moderno. Acredito que a maioria da população nem sabia o que era pentatlo moderno. Mas agora graças a Yane, muitos sabem. Thiago Pereira, esse cara atingiu níveis incríveis. Em 2011, no Pan de Guadalajara, com oito medalhas, se tornou o maior campeão brasileiro na história da competição. E em Londres, ganhou a medalha de prata nos 400m medley, superando até um tal de Michael Phelps.
Arthur Zanneti

Considerações adicionais: Badminton é um esporte, é tipo tênis. Djibouti e Vanuatu são os nomes de dois países que existem. Algumas pessoas com câmera de celular fariam um cobertura melhor do quê a da Record.

É isso. Londres 2012 foi incrível e não se esperava menos. Quem viu, viu, quem não viu, só daqui 4 anos. E vai ser no Brasil, e isso não é motivo de orgulho pra mim. Lá se vai mais dinheiro público pra construir arenas de grande rendimento. Enquanto as escolas, que são os celeiros de atletas e campeões continuam esquecidas. O esporte não é só um jogo de perde ou ganha. É ferramenta de construção. Ajuda na formação de pessoas, de cidadãos por meio do esporte. É possível priorizar isso e ganhar medalhas em consequência. No geral, O Brasil piorou de Pequim até Londres. Mas o Comitê Olímpico Brasileiro se diz satisfeito. Parecem viver num universo paralelo. Onde não importa o quanto e o que custe, o que importa é sediar o evento. Enfim, tchau Londres, que Rio-2016 nos traga mais alegrias, e como bom brasileiro e amante de esportes, sei que trará. Um abraço à todos e lembrem-se: em 2012 tem Campeonato Mundial de Remo, não percam.



Por Anilton Junior.