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Do mais fácil, pouco se aprende


A maioria das pessoas quer viajar pela estrada já pronta, esquece que alguém tem que abrir o caminho antes. Quem abre o caminho na mata fechada é sempre o que mais apanha, mais se fere, adoece, mais cansa, apesar de ser o que mais acumula conhecimento.

Sempre tive  uma tendência natural pelo desafio. Quando tinha pouco mais de 15 anos, após ler um anúncio em uma dessas revistas de circulação semanal, decidi que faria um intercâmbio nos Estados Unidos. Estudar 6 meses em um país estranho, sem falar uma palavra sequer de inglês. Não pensei nem se meus pais teriam condições de custear, nem sobre os possíveis riscos de morar em um lugar estranho, enfim... trabalhei para que aquilo acontecesse, fui e vivi uma das melhores experiências de minha vida.

Dois anos depois chegou a idade militar. Os jovens da época, não muito diferente dos de hoje, em sua maioria, queriam passar ao largo dessa experiência. Eu, contrariando quase toda a família, decidi servir. Foram anos que fizeram a diferença. Afirmo sem medo, tem aqueles que serviram o exercito e aqueles que não serviram.

Antes de conseguir meu primeiro emprego, lembro o quanto me inquietava estar ali na faculdade fazendo “mais do mesmo“. Lembro que decidi transformar as mais simples tarefas possíveis em documentários de TV, mais difíceis de executar, mais complexos por envolverem mais gente, enfim, queria fazer do mais simples, algo novo, diferente, que testasse minha capacidade.

Esta inquietação me acompanhou na minha carreira profissional. Logo na minha primeira experiência de emprego, como repórter de TV, a emissora pagava literalmente um valor simbólico para você passar dias, as vezes semanas, nas regiões mais remotas da Amazônia. Não é difícil de imaginar que nenhum repórter mais experiente se escalasse para tais coberturas. Enquanto cada um arrumava sua desculpa para não ter que ir eu pegava os 20 reais e ia... era o que eu tinha e fazia daquilo meu desafio, meu limite. Durante um tempo, eu fui o único a se propor a fazer aquelas missões.

Foi nessa época que aprendi que você deve pedir ajuda, sem ter medo do “não” pois ele você já tem. Com o tempo percebi que as pessoas começaram a me dar valor exatamente por isso. Em quatro anos, conheci mais da metade dos municípios do Amazonas, vivi experiências definitivas e enriqueci, como poucos, meu currículo profissional.

Definitivamente, estava claro para mim, o caminho mais fácil para as coisas nunca me atraiu, nunca me satisfez de verdade, exatamente por que nunca me desafiou, já que, do mais fácil, pouco se aprende, logo, pouco se cresce e eu sempre gostei da sensação de estar crescendo.

Comigo é sempre assim, não me pergunte as razões, mas quando todos os pensamentos me empurram para um caminho mais óbvio, para o que “está escrito nas estrelas”, mais me motivo a realizar diferente, ir além. Chega a ser meio louco isso, por que me sinto mais gratificado ao passar com uma boiada por uma única porta do que ter 10 portas abertas à vontade.

Quanto a dinheiro, nem sei se posso falar de exemplo, sempre fui mal neste quesito, é que definitivamente, dinheiro nunca foi determinante para nenhuma decisão que tomei até hoje, apesar de gostar bastante dele. Pra mim, ele sempre foi muito mais consequência do que causa. Aumento, por exemplo, é o tipo de coisa que você conquista, você não pede e nem te dão, te devem.

Mas quando digo que não é fácil, é por que não é mesmo! Desse caminho que falo, para segui-lo, é necessário uma profunda convicção do que você quer e aonde você quer chegar. Alguns chamariam de foco, eu de sacerdócio, no sentido mais puro da palavra. Exatamente por que o valor maior se estabelece no propósito, naquilo que você vive no percurso e não necessariamente no resultado em si.

Portanto, quando todos disserem  “não”  para uma nova experiência, diga  “sim“ e aceite os riscos. As melhores oportunidades de crescimento nunca serão as mais fáceis e mais tranquilas. Se você sabe aonde você quer chegar, siga firme o caminho que você escolheu. Eventualmente algo não vai sair como planejado, mas,  o melhor aprendizado está em nosso erro ao tentar acertar. Afinal, para que serve mesmo a certeza?

É importante entender que 99% das coisas que você vai fazer na vida depende de pessoas, portanto, coisas e lugares são irrelevantes. Valorize as pessoas! O seu conhecimento pode ser aplicado aonde você escolher aplicá-lo. Aliás, o maior patrimônio que você tem é o da escolha. Vão tentar lhe tirar ou controlar isso. Não permita!

Não adianta, você tem que estar preparado para enfrentar a pior tempestade! Por isso, tenha sempre em mente alternativas, caminhos diferentes. Aceite e conheça todos eles. Reconhecer uma fraqueza é força, pois, quem faz as coisas acontecerem em sua vida é você, mais ninguém.


Álvaro Corado
O Autor é Jornalista, Pós-graduado em Gestão de Pessoas pela FGV e em Jornalismo Digital pela Universidade de Navarra, atualmente trabalha como gerente do Portal A Crítica.Participação especial para nosso blog.
Fim da conversa no bate-papo

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